CRÉDITO RURAL NO RN: INCÔMODA POSIÇÃO

Por Carlos Alberto de Sousa

Existe algo errado com o financiamento do agronegócio no Rio Grande do Norte. Não que o Estado seja uma ilha de prosperidade para investimentos no setor, porém, estamos muito distantes de ser o pior, pelo menos em comparação com outros estados do Nordeste.
É isso que traduzem os recentes dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (BACEN) no que tange à participação dos estados no financiamento do agronegócio.
De acordo com o BACEN, em 2020 foram liberados pelos agentes financeiros R$ 165,87 bilhões para o crédito rural em todo o País. Desse montante, R$ 16,26 bilhões (9,80%) foram aplicados na região Nordeste.
No Rio Grande do Norte, as aplicações foram de R$ 293,12 milhões (1,80% do total liberado na região). Ficamos atrás de Alagoas (2,74%), da Paraíba (3,19%) e de Sergipe (4,20%). É a menor participação dentre os estados do Nordeste e a quarta pior do Brasil.
Vale salientar que Alagoas e Sergipe possuem área agricultável inferior à nossa e padecem das mesmas dificuldades que nós no que tange ao ambiente físico para investimentos no setor no que concerne às idênticas condições de solos e de clima típicas do Semiárido brasileiro.
Em que pese esse fraquíssimo desempenho, o Rio Grande do Norte dispõe de um ambiente favorável à expansão do crédito rural. Afinal, embora não seja o Estado aquinhoado com recursos naturais propícios se levarmos em consideração os aspectos acima descritos, temos atividades que se sobressaem regional e nacionalmente como o cultivo de melão – principal produto da nossa pauta de exportação, que em 2020 representou uma receita de R$ 476,49 milhões aos cofres do Estado -; a exploração da cana de açúcar para a produção de açúcar e etanol; a cajucultura, cujo fruto, a castanha de caju, em passado recente liderava nossas exportações e ainda hoje representa parcela substancial; a criação de camarões em viveiros. Paradoxalmente, essas atividades pouco representam na demanda por crédito rural do RN.
Do ponto de vista da estrutura para produção, temos o Projeto de Irrigação Baixo-Açu, cuja exploração se deu a partir da década de 1990, e que até hoje não decolou. Com disponibilidade de seis mil hectares prontos para irrigação, dos quais pouco mais de 50% estão em atividade, o perímetro irrigado convive ainda com sérios problemas que impedem a sua plena exploração, tais como, falta de titulação dos lotes – que impossibilita o acesso ao crédito rural -, falta de assistência técnica para orientação aos agricultores irrigantes, clientelismo político na seleção dos ocupantes dos lotes, dentre outros.
Outras dificuldades que atrapalham o financiamento do agronegócio potiguar dizem respeito ao desaparelhamento dos órgãos estaduais de meio ambiente e de recursos hídricos. No primeiro caso, por conta das dificuldades para se obter o licenciamento ambiental dos empreendimentos rurais, em face da burocracia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) e a carência de pessoal da entidade, além de uma legislação excessivamente rigorosa. Por conta disso, a liberação da licença de um empreendimento rural pode levar alguns meses.
No caso do órgão estadual que gerencia os recursos hídricos – o Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (Igarn) -, que padece dos mesmos problemas, o rigor da legislação é ainda maior. Apenas para ficar em um exemplo, o pecuarista que pretender um financiamento para sua atividade e que utilize água superficial ou subterrânea, precisará requerer ao Igarn um documento formal de dispensa de outorga de uso insignificante de água qualquer que seja o tamanho do seu rebanho. A emissão desse documento pelo órgão pode levar até um mês.
No tocante aos principais agentes financeiros do crédito rural no estado – Banco do Brasil e Banco do Nordeste do Brasil -, residem aí as maiores dificuldades.
No caso do Banco do Brasil, tido até recentemente como o principal agente financeiro do crédito rural no Brasil, há problemas de toda ordem, desde a falta de pessoal qualificado para operar o agronegócio; a centralização da análise de operações em estados da região Sul e Sudeste, portanto, sem conhecimento da realidade campesina norte-rio-grandense e que demanda operações de várias outras unidades da federação, prolongando o tempo de análise; o estabelecimento de metas insignificantes para o crédito rural se comparadas com as de outros produtos e serviços oferecidos pelo Banco.
Com relação ao Banco do Nordeste, que responde por quase 80% (dados do Banco de novembro/2019) das aplicações rurais do RN e que opera desde 1988 com exclusividade o Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), o que lhe assegura uma oferta substancial de recursos para aplicação no setor agropecuário da região (1,80% do produto da arrecadação do IR e IPI entregues pela União) a taxas bastante favoráveis, os entraves residem na baixa capacidade operacional do banco, na pouca capilaridade (reduzido número de agências) e no rigor excessivo nos critérios adotados para aprovação das propostas de financiamento.
Urge, portanto, uma tomada de posição dos atores envolvidos com o agronegócio potiguar, para que os números revelados pelo Bacen sejam revertidos

Deputado Tomba pode ser alternativa para o governo em 2022

O deputado Tomba Farias, do PSDB, poderá ser a alternativa do grupo político de oposição ao governo do PT para disputar a eleição de 2022. O sistema, que conta com os ministros Rogério Marinho (sem partido), Fábio Faria (PSD), Ezequiel Ferreira, atual presidente da Assembleia Legislativa, deputado Girão Monteiro (PSL), entre outros, está órfão de nomes para o governo. Entretanto, não se surpreendam caso Tomba Farias seja o indicado do grupo para tentar retomar o Poder “destronando” a petista Fátima Bezerra do cargo de governadora do Rio Grande do Norte. Tomba Farias está no exercício do seu terceiro mandato de deputado estadual e atualmente ocupa um lugar de efetiva liderança na região Agreste do Estado, agregando mais de 20 municípios com expressivo potencial de votos. Ele se destacou a partir de administrações exitosas no município de Santa Cruz, transformando radicalmente a cidade com a implantação de um polo turístico religioso que tem como destaque um monumento abrigando a padroeira do município, Santa Rita de Cássia. A partir daí a estátua propicia uma romaria de fiéis vindos de várias partes do Brasil para visitar e fazer orações para a santa. Tomba vai também instalar um teleférico saindo da igreja até o monumento onde a santa receberá a todos de braços abertos. Tudo isso, está transformando o perfil da cidade e melhorando a economia e em consequência a renda da população de Santa Cruz. Considerado um político destemido, sabido e audacioso, o deputado santacruzense, que foi formado na escola de Iberê Ferreira de Souza, poderá sim, aceitar o desafio de ser o candidato a governador do Estado enfrentando um partido desmoralizado e desgastado que é o PT, mas com uma candidata “esperta e matreira” que é a atual governadora Fátima Bezerra, pois mesmo não estando bem nas pesquisas não pode ser subestimada. Alguns dos seus opositores alegam que todo cuidado é pouco. E que o clima do “já ganhou” deve ser evitado.

A SAGA DO VERANISTA POTIGUAR

Por Nilson Pinto

Saudades

A coisa mudou.
O  veraneio era  bem mais simples e mais barato.
A casa era mobiliada com móveis  de segunda mão: geladeira, fogão, panela, talheres, copos, era uma verdadeira colcha de retalhos.
E o enxoval? Tudo   roupa usada.
Nem se falava em perigo. Caco de vidro nos muros nos garantia a segurança.
Os dias começavam cedo e as farras não  passavam do fim da tarde. 
Papos na varanda, jogo de baralho e cama.
Café da manhã farto, queijos regionais, tapioca, cuzcuz, ovo, bolo, etc.
Banana, laranja, manga,  abacaxi, caju, as frutas faziam parte da dieta na hora do lanche.
Muito banho de mar e Hipoglós era a nossa proteção contra o sol. Bicho de pé era sinônimo de um veraneio de sucesso. 
Na hora  da farra, menino não podia encostar no tira gosto, era só para quem estava bebendo. 
Sangue de Boi com gelo, Pitú, cerveja em  garrafa (2 marcas) e rum Montila faziam a alegria dos bebuns, mas, vez por outra, alguém esnobava com uma garrafa de Balantines.
Refrigerante só nos dias de festa e nos finais de semana. O negócio era refresco.
Nada de tecnologia. A imagem da tela da TV era péssima e acompanhar alguma novela era um martírio.
Para falar ao telefone,  tínhamos que depender do posto telefônico local, do horário de funcionamento, do humor da telefonista e do tamanho da fila.
Como faltava energia, gelo era uma raridade e não se podia desperdiçar.
A música era de boa qualidade e sempre tinha alguém  que arranhava um violão. O o coral de desafinados estava sempre presente e tinha até  a back voice quando as músicas eram de Vinicius, mas Andanças era a campeã e todos sabiam algum pedaço  da música. 
Chuveiro com água  fria e em um único banheiro da casa.
Nem lembro como as portas aguentavam tantas batidas: toc ,toc, toc!
Tá fazendo o quê? Abra logo essa porta, tá  demorando muito!
Eita, a água acabou e a bomba está quebrada. 
Redes, lençóis, 
toalhas, eram quase comunitárias .
Rolos de filmes eram gastos para registrar as melhores cenas. Nada de retoques ou fotoshop. A ansiedade  para ver as fotos era grande, pois só  revelava quando todo o filme estava usado, isso, quando um desavisado não abria a câmera antes de rebobinar o filme e perdia todas as fotos.
Quem não  viveu tudo isso estranha e pergunta se éramos felizes? CLARO que sim, éramos simples.

Nilson Pinto é veranista de Muriú há mais de 50 anos

Política passa por mudanças

A política partidária é uma ciência fascinante e importante quando bem praticada, mas é também a “ciência da ingratidão” e danosa quando exercida longe de padrões éticos e morais. Mas, a política está passando por um processo de mudança e depuração. Quando foi que se viu no Brasil a prisão de tanta gente dita “importante” pela prática de malfeitos? O exemplo emblemático é o do ex-torneiro mecânico Luiz da Silva, denunciado por corrupção. Por “manobras judiciais” ele saiu da cadeia e continua “esperneando” querendo ser candidato a presidente da República. Devia ter autocrítica e saber que seu tempo, de triste memória, passou. O Brasil não precisa dele. Existe atualmente no Brasil-político uma expressiva falta de liderança que só o exercício democrático pode revelar o aparecimento de líderes nacionais. Em Pernambuco surge o jovem João Campos, eleito prefeito de Recife. Ele é filho do ex-governador Eduardo Campo, que morreu num desastre aéreo. João Dória, em São Paulo, está mais para caixeiro-viajante de vacinas do que líder nacional. Luciano Huck é uma piada de mal gosto. ACM Neto, da Bahia, parece ter a verve política do avô Antônio Carlos. É considerado uma liderança emergente no cenário político nacional. O futuro caminha para o aparecimento de novas lideranças desprovidas de radicalismo doentio, tanto a direita quanto a esquerda. Essa parece ser uma tendência mundial. O Brasil é um País rico de povo pobre que precisa ser repensado, notadamente na sua forma de fazer política. Para mudar essa dura realidade é preciso que surjam novos líderes comprometidos com as mudanças que devem ser feitas objetivando um futuro melhor para as novas gerações. As mudanças passam pela aprovação de reformas estruturantes seguidas de um Pacto Federativo para melhorar o relacionamento entre os Poderes. Com mais equidade e justiça na distribuição dos recursos da União para Estados e Municípios.

“Imoral e injusta”

A população brasileira precisa se mobilizar contra gastos públicos com ex-presidentes acobertados por uma lei retrógrada, imoral e injusta para com brasileiros humildes que não têm dinheiro sequer para comprar comida. Algumas dessas figuras, como Luiz da Silva e Michel Temer, condenados e presos por corrupção, assim como Collor, investigado pela justiça, também por suposta prática de corrupção, enquanto Dilma, afastada da presidência por desmandos e incompetência administrativa. Sarney e FHC, cúmplices da atual situação em que se encontra o País, agora agravada pela pandemia. O paulista, acusado de ter comprado uma reeleição. O maranhense, responsável pela mais alta inflação que diminuiu o poder de compra dos brasileiros. Foram dias terríveis sob o comando dos seis. Segundo dados dos portais de transparência, Luiz da Silva embolsou 790 mil reais em 2020; Dilma, 781 mil; Collor, 729 mil; Temer, 668 mil; FHC, 686 mil e Sarney, 591 mil. Uma imoralidade custeada pelo povo brasileiro para pagamento de assessores, viagens e diárias para essa gente. Não é possível que essa imoralidade permaneça.